Um
Decidi uma coisa e preciso contá-la ao senhor.
O que é?
Eu estive pensando. Entrei nesta cabine há sete anos, tentando me livrar daquilo que eu pensava antes de entrar na cabine e, também tentando entender se haveria algo de maior e mais verdadeiro e significante e magno para além daquilo que eu considerava puro levianismo da minha mente, justificada pela pouca idade.
Sim...
Pois nestes sete anos em que busquei identificar e justificar e enumerar e, às vezes, rimar todas as pueridades da minha vil e insignificante mente, para que, no lugar pudesse incorporar os mais maviosos conceitos e os mais evolucionários desejos, eu fiz, desfiz e refiz um trilhão novecentos e setenta e sete bilhões e uns quebrados de vezes, uma lista que acabou, por força incessante da casualidade, por se tornar a mesma lista, tendo como únicos fatores de variedade, uma vírgula ou um ponto a mais ou a menos em cada edição.
Hum...
De forma sintetizada o que estou dizendo é que, hoje continuo com a mesma lista de outrora. Os mesmos anseios, desejos, porquês, visões ofegantes e devaneios divagantes que antes. O senhor sabe o que isso significa?
Me diga, para você, o que isso significa?
Que há uma enorme probabilidade de que eu continue com o cérebro de uma criança.
Certo, e o que exatamente você quer dizer com isso?
Que eu nunca irei crescer se continuar nesta cabine.
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